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Presos políticos de SP pedem federalização do julgamento

16/09/2017

Audiência pública em São Paulo debateu o caso dos dezoito jovens detidos em manifestação contra Temer. Capitão do exército infiltrado pode ser alvo de investigação da Câmara dos Deputados

Escrito por: Igor Carvalho

Na noite desta sexta-feira (15), na Câmara Municipal de São Paulo, ocorreu uma audiência pública para debater o caso dos 18 jovens detidos em manifestação do dia 4 de setembro de 2016, que pedia a saída do presidente ilegítimo Michel Temer do cargo, e que serão julgados no próximo dia 22 de setembro.

O Ministério Público de São Paulo acusa os jovens por associação criminosa e corrupção de menores. Ainda de acordo com o MP-SP, os ativistas seriam adeptos da tática Black Bloc e foram à manifestação para depredar o patrimônio público e provocar lesão corporal em policiais militares.

A juíza Cecília Pinheiro da Fonseca, contrariando o juiz Paulo Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo que mandou libertar os jovens por falta de evidências que os incriminasse, resolveu aceitar a denúncia e tornou os 18 ativistas em réus.

O deputado federal Paulo Teixeira (PT), durante a audiência, pediu a federalização do julgamento. Para o parlamentar, a presença de um agente de forças federais deveria ser levada em conta na análise do processo.

“Esse caso não pode ser discutido no foro estadual, mas federal. O foro adequado não é este. Foi um flagrante forjado, foi armado, por um setor de inteligência de um capitão que opera para o Exército”, afirmou o deputado, citando a participação do major do Exército Willian Pina Botelho, conhecido como Balta. "Esse caso será levado até a Câmara e vamos investigar a atuação desse Balta", finalizou.

O militar se infiltrou entre os jovens através das redes sociais usando nome falso, método que foi questionado por diversos setores da sociedade. Durante diversas manifestações, Balta conquistou a confiança de muitos manifestantes.

Ainda de acordo com os ativistas, Balta ia às manifestações e perguntava: “o que vamos depredar hoje?”. O militar tentava, segundo os jovens, provocar tumulto nas manifestações.

Para Felipe Faria, um dos 18 detidos, o major do exército precisa ser investigado. “O caminho a ser seguido é instalar uma CPI contra o Balta e contra o exército. O exército se infiltrando nessas questões é um motivo para os parlamentares discutirem esse assunto.”

Três meses após a prisão dos jovens, o Exército promoveu Balta, que era capitão, à condição de major. O comandante-geral do Exército, Eduardo da Costa Villas-Bôas, admitiu que a ação foi coordenada em parceria com a Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo.

A acusação

Hugo Albuquerque, advogado de cinco dos 18 jovens, criticou o processo formulado pelo Ministério Público. “Na acusação, o Balta não existe. Uma denúncia de 18 pessoas feita em apenas cinco laudas e o Balta não é citado, isso é um absurdo. As pessoas estão sendo processadas por aquilo que o Estado quis dizer que elas iam fazer, não qualquer prova.”

Cesar Vasconcelos, um dos dezoito que serão julgados no dia 22 de setembro, protestou contra a ação do MP-SP. “Estamos sendo processados com tão poucos argumentos, que começaram a inventar argumentos, como uma barra de ferro, que foi plantada entre nossos pertences.”

Felipe Gonzales alega que quando foi preso teve seu material de trabalho apreendido pela PM. Porém, a corporação ainda não devolveu os aparelhos. “Eu sou fotógrafo e fui tirar fotos da manifestação. Mais ou menos R$ 8 mil em equipamento fotográfico foi pego pelos policiais e está até hoje em poder da polícia.”

Por fim, o vereador Eduardo Suplicy (PT) criticou a ação contra os jovens. “O Estado brasileiro, assim como a polícia e o Ministério Público, está sendo abusivo com esses jovens. Essa ação precisa ser trancada, não pode ser levada à julgamento. O que estamos vendo é uma Justiça de exceção.”

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