“Não esqueceremos.” Com esse mote, o Semapi-RS realizou no final da manhã desta segunda-feira (20), em frente ao Palácio Piratini, em Porto Alegre, uma manifestação alusiva à passagem de dois meses da votação de parte do pacotaço do governador José Ivo Sartori (PMDB) na Assembleia Legislativa, que aprovou por 30 votos a 23 o projeto que autoriza a extinção de nove fundações do Estado e a demissão dos servidores. Cavaletes foram montados com as fotos de três deputados que votaram a favor (Gabriel Souza-PMDB, Edson Brum-PMDB e Frederico Antunes-PP), sendo que viraram alvos de bexiguinhas com tintas coloridas.

A diretora do Semapi-RS e da CUT Nacional, Mara Feltes, lembrou que no dia 20 de dezembro de 2016 trabalhadoras e trabalhadores das fundações estaduais fizeram uma promessa: não esquecer e não deixar que a população gaúcha esqueça os nomes e os partidos de deputados e deputadas que votaram contra a pesquisa, a cultura, a ciência e a tecnologia do Estado. Assim, todo o dia 20, na Praça da Matriz, será realizado mensalmente até outubro de 2018 um ato de repúdio a esses parlamentares, que traíram os seus eleitores e os servidores públicos.

Mara recordou como foi o dia de votação, em que os servidores foram tratados com escárnio e deboche pelos políticos. Também foi lembrado o nome da deputada Silvana Covatti (PP), já que – presidindo a sessão plenária – ela poderia ter adiado ou mesmo suspendido a votação. Além disso, a então presidente da Casa distribuiu poucas senhas de acesso, deixando esvaziadas as galerias da Assembleia, que estava sitiada por tropas de choque da Brigada Militar.

A forte repressão policial também foi recordada. Naquele dia, a Praça da Matriz se transformou num espetáculo de horror, com bombas de gás lacrimogênio sendo lançadas em todas as direções e manifestantes sendo duramente reprimidos.

A diretora da Semapi-RS e secretária de Formação da CUT-RS, Maria Helena de Oliveira, ainda destacou o trabalho que está sendo desenvolvido pela Frente Jurídica em Defesa das Fundações, coordenado pela CUT-RS. Após obter várias liminares favoráveis, que suspenderam a extinção das instituições, as entidades forçaram o governo a abrir um processo de negociações, cuja primeira rodada ocorreu no último dia 9.

Estiveram presentes no ato o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, e a presidente do CPERS, Helenir Aguiar, além de trabalhadores e trabalhadoras da Fundação de Ciência e Tecnologia (CIENTEC), Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH), Fundação de Economia e Estatística (FEE), Fundação de Planejamento Metropolitano e Regional (METROPLAN), Fundação Zoobotânica (FZB), Fundação Piratini (mantenedora da TVE e da FM Cultura) e da Companhia Riograndense de Artes Gráficas (Corag).

Em solidariedade, servidores de outras instituições também participaram do ato.

Antes do encerramento do ato, os servidores vaiaram os deputados governistas que saíram constrangidos pela porta principal do Piratini, após solenidade do governo sobre dívidas com hospitais. Também deixaram o local vários prefeitos do interior do Estado. “Traidores”, foram os principais gritos dos manifestantes.

Confira os 30 deputados que votaram a favor da extinção das fundações

Álvaro Boessio (PMDB) – Sim
Edson Brum (PMDB) – Sim
Gabriel Souza (PMDB) – Sim
Gilberto Capoani (PMDB) – Sim
Ibsen Pinheiro (PMDB) – Sim
Juvir Costella (PMDB) – Sim
Tiago Simon (PMDB) – Sim
Vilmar Zanchin (PMDB) – Sim

Adolfo Brito (PP) – Sim
Frederico Antunes (PP) – Sim
Gerson Borba (PP) – Sim
João Fischer (PP) – Sim
Marcel van Hattem (PP) – Sim
Sérgio Turra (PP) – Sim

Gilmar Sossella (PDT) – Sim
Vinicius Ribeiro (PDT) – Sim

Aloísio Classmann (PTB) – Sim
Marcelo Moraes (PTB) – Sim
Maurício Dziedricki (PTB) – Sim

Adilson Troca (PSDB) – Sim
Jorge Pozzobom (PSDB) – Sim
Pedro Pereira (PSDB) – Sim
Zilá Breitenbach (PSDB) – Sim

Elton Weber (PSB) – Sim
Liziane Bayer (PSB) – Sim
Miki Breier (PSB) – Sim

Any Ortiz (PPS) – Sim
Sérgio Peres (PRB) – Sim
João Reinelli (PV) – Sim
Missionário Volnei (PR) – Sim